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"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

Cecília Meireles

quarta-feira, 8 de junho de 2011

UMA CARTA PARA A VIDA ( CONTO) FINAL




Foi neste exato momento que Rê teve uma grande ideia. “Como não pensei nisso antes”.
Quando Lia saiu do banho, encontrou a irmã toda sorridente sentada tomando café.  Sentou-se ao seu lado e começou a tomar também.   
Nossa Lia!  Seu aniversário já é no próximo mês. _ disse aparentando surpresa _ O que você acha de sairmos só nós as irmãs sem a filharada e sem os maridos?

_Ótima ideia! Faz tempo mesmo que não saímos assim, só nós, acho ótimo- respondeu Lia radiante.
_Vou providenciar para que seja um dia perfeito..., vamos ao salão fazer os cabelos, as unhas..., uma faxina geral. Você já percebeu que as meninas nem ligam muito para fazer os cabelos? Perguntou Rê olhando para os cachos desalinhados da irmã.
_Elas estão mais preocupadas com os filhos, com a casa..._Você agora virou fofoqueira, menina?_ perguntou Lia erguendo as sobrancelhas _ como se não bastasse ficar cuidando de minha vida, tentando me arrumar marido, agora vai ficar cuidando da aparência das irmãs?_ Vai cuidar de sua vida! _ disse Lia rindo e empurrando a irmã até a porta _ Vai fazer o almoço do seu marido.
A irmã foi embora toda entusiasmada, lá do quintal gritou: _Que fazer almoço, nada! Hoje é sábado, nós vamos comer fora.
O aniversário de Lia ia cair em um Domingo, decidiram por um jantar no Sábado, somente as irmãs, elas estavam empolgadas e só falavam no dia do jantar, marcaram cabeleireiro, escolheram as roupas, trocaram roupas e calçados entre si.
Chegou o esperado dia do jantar. O que Lia estranhou, foi que até mesmo os maridos mais ciumentos, que não desgrudavam das esposas de jeito nenhum, se mantiveram calados, sem reclamar, aceitaram bem a ideia do jantar.
Tudo foi combinado com as outras irmãs, estavam todas empolgadas com a saída, foram ao melhor salão de beleza da cidade, fizeram as mãos, os cabelos. A aniversariante vendo tanta empolgação, também tratou de ficar linda, escovou os cabelos, tentou achar em seu guarda roupas um que lhe agradasse, porém não encontrou nada muito bonito, não se preocupou, pois sabia onde poderia encontrar roupas maravilhosas; sua irmã não perdia uma promoção, tinha sempre roupas variadas para qualquer ocasião. Foi à casa da irmã mais nova e viu em cima da cama um vestido preto tomara que caia, com saia plissada e um detalhe em renda branca, altura do busto. Ficou encantada com o vestido. A irmã realmente tinha muito bom gosto.
_Que vestido lindo, Rê!  Veja se acha um que eu possa usar hoje.  _Pode usar esse se quiser _ disse a irmã se referindo ao vestido que estava sobre a cama- Ele fica muito curto em mim, em você talvez não fique tão curto.  Além do mais eu tenho outros, se você quiser ver..._disse isso se dirigindo ao guarda roupas, onde foi tirando os vestidos um por um e colocando-os lado a lado em cima da cama. _Veja este!  De rendinha preta sobre um forro azul. E este, bem colorido de frente única listrado. Olha este branquinho com detalhes em babado abaixo da cintura, tem este estampado também. Qual você prefere?
Todos são maravilhosos, é até difícil de escolher _ Mas prefiro este pretinho. Ele é minha cara! Vou ver como fica - disse isso indo em direção do banheiro para se trocar.
Quando retornou, a irmã já estava com um vestido estampado, e com um par de sandálias de salto alto na mão. _Ele ficará muito bem com estas sandálias. Experimente!
 _Agora sente-se aqui, vamos dar um trato neste seu rostinho. Afinal você é a aniversariante! Lia sentou-se e deixou-se maquiar pelas mãos delicadas da irmã. 
Lia calçou as sandálias e olhou-se no espelho, estava linda, não via a hora de ver as outras irmãs, pois todas tinham ido se arrumar e o ponto de encontro era exatamente em sua casa às 20:00 hs.
Logo que sua irmã ficou pronta as duas saíram em direção da casa de Lia.
Quando abriu a porta de sua casa, Lia foi recebida por um coro de vozes cantando “Parabéns para você”. A sala que não era muito grande estava repleta de gente; suas irmãs, seus cunhados, seus sobrinhos e seu filho com um lindo bolo na mão cheio de velinhas.
_Não acredito que vocês fizeram isto! – disse Lia toda sorridente maravilhada com a surpresa. - Eu acreditei mesmo que íamos sair. Como vocês são danadas! 
Logo alguém falou: _Essa não é a única surpresa, prepare o seu coração que tem mais!
Enquanto Lia soprava as velinhas, ouviu-se um ruído lá fora.  De repente, a sala estava num silêncio total, ouviram-se passos na frente da casa. Ela olhou em volta para ver quem estava faltando. Todos os conhecidos estavam ali. Pensou: “Deve ser algum entregador com os salgados”.  Ao mesmo tempo ela notara que a sala continuava em total silêncio, então ouviu-se um toque na porta.  Uma criança correu para abrir a porta. Alguém falou: _Deixa que a tia Lia abre!
Lia toda sorridente, sem entender absolutamente nada, foi até a porta e abriu-a. Seus olhos não acreditavam no que via; seu sorriso, seu cérebro, tudo ficou paralisado, apenas seu coração parecia estar descontrolado.
 _ Você aqui? _ falou com a voz estrangulada. Lá estava ele, lindo! Simplesmente lindo; parado diante dela. Ela não teve nenhuma reação, ficou ali, parada fitando-o, sem entender nada.  _Entra, por favor_ disse ela, dando espaço para ele passar.
Ele entrou em meio a uma intensa algazarra, uns assoviavam, outros riam e as crianças gritavam excitadas, todos queriam cumprimenta-lo, dar as boas vindas...
_Então, esta é a minha surpresa _disse Lia emocionada. _Amei! Mas confesso que estou tremendo - mostrou as pequenas mãos trêmulas.
Júlio ia se afastando de Lia enquanto cumprimentava as pessoas da sala, mas seus olhos insistiam em voltar para ela.
 As pessoas falavam todas ao mesmo tempo, ele tentava se concentrar, ouvir os nomes durante as apresentações, porém, seus pensamentos estavam em Lia, seus olhos fugiam na direção dela. Era mais forte que ele.
_Vocês têm muito que conversar._ disse sua irmã Rê, vão jantar, nós ficaremos aqui comendo seu bolo.
Ele foi ao encontro de Lia, olhando-a com seus olhos brilhantes, e caminharam até o carro um ao lado do outro em total silêncio.
Entraram no carro e ficaram em silêncio, ele dirigia e ela o olhava ainda sem acreditar em seus olhos. Ela lembrava-se de um rapaz magrinho e inseguro e agora se via diante de um belo homem, alto, de ombros largos, olhos brilhantes e sorriso largo.
Ele usava uma camisa cinza de tecido fino e uma calça jeans, mantinha os cabelos grisalhos com um corte curto e moderno.
Ele olhou para ela com ternura e disse _ Você é do jeito que eu imaginava. Linda! _ Diga-me a verdade Lia, por que me fez esperar tanto tempo?
_Eu queria ter certeza dos seus sentimentos.
_Fala sério?_ ele riu olhando-a nos olhos._ Eu nunca te esqueci, foram 20 anos e alguns meses de espera. _ Eu te procurava nas ruas, quando via uma mulher com os cabelos castanhos encaracolados, meu coração disparava achando que era você..._
E por falar nisso, o que você fez aos seus cabelos? Cadê meus cachinhos?
_Fiz uma escova hoje, por insistência das meninas, mas não se preocupe, é só achar um chuveiro que eles voltam. _disse Lia rindo.
Foram jantar em um restaurante aconchegante que Lia conhecia no centro da cidade. Entraram de mãos dadas como casal de namorados. Sentaram-se e ficaram em silêncio, os olhos dele fixos nos dela. Ficaram assim de mãos dadas sobre a mesa. Pensaram em muita coisa para dizer um ao outro no primeiro encontro. Agora porém, que estavam juntos lado a lado, ficaram calados, as palavras não tinham nenhum significado.
Somente depois das primeiras taças de vinho é que começaram a conversar..., rir..., sussurrar e assim ficaram por mais de 3 horas. Ele a olhava com seus olhos negros brilhantes, cheios de amor e desejos.
Precisavam ir embora. Ao saírem do restaurante foram surpreendidos por uma chuva fina. Nenhum dos dois estava em condições de dirigir por causa do vinho. Júlio foi ao carro apenas para pegar um agasalho para Lia.  Ao colocar o casaco em suas costas, ele passou os braços pela sua cintura dela e a puxou para si.
_Como eu sonhei com esse momento! – sussurrou no ouvido dela. -_Você nem imagina, Lia... Como desejei ficar assim..., ter você em meus braços.  
Lia sentiu uma moleza nas pernas, seu corpo tremia, tinha dificuldades para ficar em pé. Encostou-se mais naquele corpo forte, sentiu seu calor, seu cheiro, sentiu reacender a paixão que um dia sentira por ele.
_Como fui esperar tanto tempo? Precisamos recuperar todo esse tempo perdido. _disse Lia ofegante. 
Carinhosamente ele tocou nos cabelos dela, beijo-lhe o pescoço, levantou seu queixo, tocou em seus lábios com sua boca molhada e cheia de paixão.  Era um beijo desejado, esperado e ardente.  
Estavam intensamente apaixonados como na adolescência.
Dali por diante não se separaram mais, acordaram no dia seguinte com raios de Sol entrando pela janela iluminando todo o quarto e abençoando aquela  bela união.
        

11 comentários:

  1. Regina,estou louca para saber o final dessa história! Aneth Lucena

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  2. to esperando o final, posta o resto ai :D

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  3. Nossa Rê, q história fofa e envolvente, adorei! Bjos. Jane

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  4. ficou linda a historia,parabéns :D

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  5. 10/06/2011 11:30 - Monise Gabriely
    Lindo texto! Parabéns.

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  6. Marcos Antony
    Lindo texto menina, adorei, beijos

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  7. Pedro Nogueira
    ola vizinha gostei imensamente de te ler parabens sucesso escreves muito bem viu voltarei.

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  8. cavenatti
    o sol acorda sonhos nas mágicas manhãs.

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  9. Emocionantemente belo este conto.
    Parabéns Regina.
    bj
    oa.s

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  10. Olá OAS,
    Que bom te ver aqui, senti saudades.
    Obrigada pelo comentário.
    Um forte abraço

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